Informações vinham sendo omitidas desde a última semana, gerando
críticas de autoridades, entidades e pesquisadores. Alexandre de Moraes
determinou retorno dos dados ao portal.
O Ministério da Saúde voltou a
divulgar, na tarde desta terça-feira (9), os números acumulados e os índices
proporcionais dos contágios e mortes em decorrência do coronavírus. Esses dados
estavam ausentes da divulgação oficial deste a última sexta (5).
Durante esse intervalo, o portal
do ministério sobre a covid-19 divulgou somente os casos e mortes
confirmados
nas 24 horas anteriores.
A mudança gerou críticas de
autoridades e especialistas. Na noite de segunda (8), o ministro do Supremo
Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou a retomada do formato
original.
Até as 16h30 desta terça, o
portal ainda exibia os dados compilados na noite de segunda-feira. De acordo
com esses números, o Brasil registrou 707.142 casos confirmados e 37.134
mortes.
Os números, de acordo com o site,
indicam uma incidência de 336,6 casos e uma mortalidade de 17,7 mortes para
cada 100 mil habitantes.
A decisão do ministro
Na noite de segunda, o ministro
Alexandre de Moraes julgou uma ação movida pelos partidos Rede
Sustentabilidade, PSOL e PCdoB, e determinou que o governo retomasse o formato
tradicional de divulgação dos dados.
Com o formato atualizado nesta
terça, o Ministério da Saúde cumpre, na íntegra, os dados solicitados na ação.
A lista de dados inclui:
número de casos confirmados,
pacientes recuperados e óbitos em decorrência da Covid-19 nas últimas 24 horas;
número total de casos
confirmados, pacientes recuperados e óbitos em decorrência da Covid-19;
número de casos, óbitos e recuperados
por dia de ocorrência;
número de hospitalizados com
confirmação de Covid-19 e com SARS (síndrome respiratória aguda) em enfermaria
e UTI por unidade de saúde, município e estado.
"A gravidade da emergência
causada pela pandemia do Covid-19 exige das autoridades brasileiras, em todos
os níveis de governo, a efetivação concreta da proteção à saúde pública, com a
adoção de todas as medidas possíveis para o apoio e manutenção das atividades
do Sistema Único de Saúde", escreveu Moraes na decisão.
Após a mudança na divulgação, na
última sexta, um consórcio de veículos de imprensa, formado por jornalistas de
G1, "O Globo", "Extra", "O Estado de S. Paulo",
"Folha de S.Paulo" e UOL, passou a consolidar os dados por conta
própria, com base nos boletins das secretarias estaduais de saúde.
O ministro também determinou que
a Advocacia-Geral da União (AGU) preste as informações "que entender
necessárias" no prazo de 48 horas. Com esses dados, Moraes pode aplicar
uma nova decisão ou, se preferir, submeter o tema ao plenário do STF.
Omissão e críticas
A decisão do governo Jair
Bolsonaro de esconder os dados acumulados da pandemia do coronavírus gerou
fortes críticas dos mais diversos setores.
O diretor de emergências da
Organização Mundial de Saúde (OMS), Michael Ryan, destacou nesta segunda-feira
a necessidade de transparência sobre os dados da pandemia de Covid-19 no
Brasil.
"É muito importante, ao
mesmo tempo, que as mensagens sobre transparência e divulgação de informações
sejam consistentes, e que nós possamos contar com os nossos parceiros no Brasil
para fornecer essa informação para nós, mas, mais importante, aos seus
cidadãos. Eles precisam saber o que está acontecendo", destacou Ryan.
No sábado, o presidente da
Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que, se preciso, o parlamento faria a divulgação
da íntegra dos dados.
"Eu disse ao ministro Jorge
[Oliveira] que nós não queremos ter que criar uma estrutura para ter que
consolidar informação. Até porque é o seguinte: essas são informações que não
são do governo federal, são dos estados. Então, os estados vão divulgar de
qualquer jeito, alguém vai consolidar. Vai ser a Câmara, vai ser o TCU? Alguém
vai consolidar e vai dar publicidade a isso. Agora é muito ruim que a gente
precise estar pedindo, está preocupado com um assunto como esse. É óbvio que a
transparência é fundamental", afirma Maia.
O ministro do Tribunal de Contas
da União (TCU) Bruno Dantas também propôs a criação de uma rede paralela à do
governo, envolvendo os tribunais de contas nos estados, para consolidação dos
dados sobre a covid-19 e "divulgação diária até as 18h".
Dantas, por meio de uma rede
social, justificou a medida diante das "novas dificuldades para divulgar
dados nacionais de infectados, curados e óbitos da Covid-19".
O Conselho Nacional de
Secretários de Saúde (Conass) chegou a colocar no ar um levantamento próprio,
usando os mesmos dados que os secretários enviam diariamente ao Ministério da
Saúde.
Em nota, o presidente do conselho
e secretário de Saúde do Pará, Alberto Beltrame, afirma que as decisões de
gestão em saúde devem ser pautadas por "ciência, verdade e informação
precisa e oportuna".
O ex-ministro da Saúde Luiz
Henrique Mandetta, demitido do cargo em meio à pandemia, classificou a mudança
como "uma tragédia".
"Do ponto de vista de saúde,
é muito ruim, é uma tragédia o que a gente está vendo, de desmanche da
informação. Me parece que estão querendo fazer uma grande cirurgia nos números
dos protocolos público", afirmou.
Numa rede social, o ministro do
Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, disse que os dados do Ministério
da Saúde “devem estar abertos ao público, aos gestores e, portanto, à imprensa
de forma consistente e ordenada”.
A Associação Brasileira de
Imprensa (ABI) disse que “enquanto o número de mortos e contaminados atinge
níveis recordes no país, ceifando a vida de milhares de brasileiros, o governo
de Jair Bolsonaro opta por dificultar o acesso a informações sobre o avanço da
doença”.
A ABI disse ainda que o
Ministério da Saúde passou a atrasar a divulgação dos dados “na tentativa de
calar a imprensa por meio do adiantado da hora.”
A vice-presidente da comissão
mista do Congresso que acompanha o coronavírus, senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA),
informou que quer convocar o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, para
dar explicações.
“A transparência é essencial para
se combater a doença principalmente agora, com os números de infecção e óbitos
crescentes. Não se pode imaginar ou permitir qualquer manipulação nessa área.
Seria crime de responsabilidade”, disse.
Fonte: g1
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