Decreto permite que atividades sigam durante a pandemia, mas STF já
decidiu que estados e municípios podem fixar regras próprias. Lista federal já
tem 57 setores 'autorizados'.
O presidente Jair Bolsonaro
incluiu nesta segunda-feira (11) as atividades de salões de beleza, barbearias
e academias de esportes na lista de "serviços essenciais". Isso
significa que, no entendimento do governo federal, as atividades podem ser
mantidas mesmo durante a pandemia do coronavírus.
O decreto foi publicado em uma
edição extra do "Diário Oficial da União" no fim da tarde. Com essa
inclusão, o número de atividades consideradas essenciais chegou a 57.
Liberação não é automática
Ainda que o governo federal
estabeleça quais atividades podem continuar em meio à pandemia, o Supremo
Tribunal Federal (STF) já decidiu que cabe aos estados e municípios o poder de
estabelecer
políticas de saúde – inclusive questões de quarentena e a classificação
dos serviços essenciais.
Ou seja, na prática, os decretos
presidenciais não são uma liberação automática para o funcionamento de serviços
e atividades.
No último dia 29, ao incluir
outros 14 setores como serviços essenciais, o governo federal afirmou no
decreto que a lista "não afasta a competência ou a tomada de providências
normativas e administrativas pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos
Municípios, no âmbito de suas competências e de seus respectivos
territórios".
Ministério da Saúde não opinou
Nos três novos itens, o texto do
decreto afirma que precisam ser "obedecidas as determinações do Ministério
da Saúde".
Questionado sobre o tema no mesmo
instante em que o texto foi publicado, entretanto, o ministro Nelson Teich
disse não ter relação com a autorização.
"Isso não é atribuição
nossa, é decisão do presidente. A decisão de atividades essenciais é uma coisa
a ser definida pelo Ministério da Economia. O que eu realmente acredito é que
qualquer decisão que envolva a definição, de uma atividade ser essencial ou
não, passa pela tua capacidade de fazer isso de uma forma que proteja as
pessoas", afirmou.
Teich foi questionado, em
seguida, se não seria recomendável que o Ministério da Saúde participasse desse
debate. O ministro ficou em silêncio por alguns segundos e, depois, disse que
precisaria "pensar melhor" sobre o tema.
"Honestamente, tenho que
pensar melhor nesta pergunta. Neste momento, a resposta seria não, porque é uma
atribuição do Ministério da Economia. Vejo a Saúde participando sempre, a
partir do instante que ela ajuda a definir formas de fazer que possam proteger
as pessoas", disse.
O ministro não detalhou quais
seriam essas "determinações do Ministério da Saúde', citadas no decreto
presidencial, para garantir a segurança de clientes e funcionários em
academias, salões e barbearias.
'Um milhão de empregos'
Antes da publicação oficial,
Bolsonaro adiantou a liberação das categorias durante conversa com jornalistas
na porta do Palácio da Alvorada, residência oficial da presidência.
“Essas três categorias juntas dão
mais de um milhão de empregos. Pessoal, vou repetir aqui, vou apanhar de novo.
A questão da vida tem que ser tratada paralelamente a questão do emprego”,
disse o presidente.
Questionado, o presidente negou
que as sucessivas inclusões na lista de serviços essenciais sejam uma tentativa
de burlar as regras locais.
“Eu não burlo nada. Se você está
me acusando disso, você me desculpa, você se equivocou aí. Saúde é vida. Quem
está em casa, agora como sedentário, por exemplo, está aumentando o colesterol
dele, problema de estresse, um monte de problema acontece. Se ele puder ir numa
academia, logicamente, de acordo com as normas do Ministério da Saúde, ele vai
ter uma vida mais saudável”, argumentou.
Bolsonaro também foi questionado
se deseja incluir outros serviços no rol de atividades essenciais.
“Se eu tenho na cabeça? Tenho.
Vamos esperar o que acontece nessas de hoje para a gente publicar esse demais
aí”, afirmou, sem especificar quais seriam as atividades em estudo.
fonte: g1
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