A HISTÓRIA DOENTIA DO PAI QUE MATOU UM FILHO PARA NÃO DEIXAR IR EM MANIFESTAÇÕES.
texto : VEJA |
No feriado do dia 15 de novembro, um pai tentou impedir o seu filho de participar das manifestações estudantis em Goiânia. Como não conseguiu, matou o rapaz e depois se suicidou. A tragédia familiar foi acompanhada de perto pela delegada aposentada Rosália de Moura, mãe do jovem universitário Guilherme Silva Neto, de 20 anos, como mostra reportagem de VEJA desta semana. Enquanto mostrava o quarto do seu filho, Rosália relembrava a relação conturbada de seu marido, Alexandre José da Silva
Neto, 60 anos, com o filho. “O pai era muito possessivo e tinha um amor doente pelo filho”, contou ela, ainda sob o efeito de sedativos. Veja a seguir os principais trechos da entrevista de duas horas concedida na última quinta-feira.
Por que o seu marido que deu a vida ao seu filho resolveu tirá-la, suicidando-se logo em seguida?
O Alexandre era muito possessivo com o nosso filho. Quando o menino saía, ele ligava e ficava mandando mensagens para o menino a cada dez minutos, perguntando onde ele estava. Na verdade, ele tinha medo de perder o nosso único filho. O pai era muito possessivo e tinha um amor doentio pelo filho. E foi esse amor doentio do pai que matou o meu filho.
Como ocorreu a tragédia?
O Guilherme gostava de participar de manifestações, e o Alexandre se incomodava com isso. Ele não aceitava a possibilidade de o menino ser preso pela polícia durante os protestos nas escolas ocupadas. O Alexandre dizia para o Guilherme: “Pare com isso, meu filho, a polícia vai te prender, e eu não vou suportar ver meu filho preso”. No feriado do dia 15 de novembro, o Guilherme disse que iria para a manifestação. O Alexandre se opôs e falou que o menino não entraria mais em casa. O Guilherme se revoltou e disse que a casa era dele também e que o Alexandre não pagava as contas. O pai falou que iria chamar a polícia. O Guilherme pegou o celular e disse que ele mesmo iria ligar para a polícia. Então, o Alexandre tomou o celular da mão do menino e quebrou o aparelho no meio. Naquele momento, comecei a passar mal. Parece que a mãe sente a tragédia com o filho, né? Então, o Guilherme disse para o pai dele: “Você conseguiu o que queria. Fez a minha mãe passar mal”. Alexandre retrucou, dizendo que a culpa era do Guilherme, porque ele que queria participação manifestação, contrariando a sua vontade. Então, o Alexandre saiu de casa. Pensei que ele ir para o shopping para espairecer. O Guilherme foi para o quarto, onde ficou chorando e disse para mim: “Prefiro morrer a viver desta forma, aprisionado pelo meu pai”.
O Guilherme acabou indo para a manifestação?
Sim, ele arrumou as coisas dele e disse que iria sair. Aí, perguntei se ele iria voltar tarde. Ele me disse: “Eu vou lá, mas volto, mãe”. Eu estava preocupada, porque ele estava sem celular. Aí, o Guilherme saiu. Pouco tempo depois, às 17h01, o pai dele me ligou e perguntou se o menino tinha saído. Eu disse que sim. Ele desligou o telefone. Passou pouco tempo e ouvi um barulho de tiro. Eu estava na sala com a minha mãe. Aí, me deu um trem esquisito e desci do meu apartamento para a rua, correndo. Logo pensei: “Será que esse homem é tão louco para matar o Guilherme?”. Quando eu estava correndo, alguém comentou: “Foi o pai que matou o filho”. Aí, o meu mundo desabou. Cheguei na esquina e vi o Alexandre deitado sobre o meu filho, ensanguentado. Eu não acreditava no que estava vendo. Aí, gritei: “Meu, filho, meu filho”. O guarda me disse: “Já peguei o pulso dele. Está morto”. Fiquei lá, sem saber o que fazer. “Gente, não acredito que esse homem teve coragem de fazer isso”, pensei.
Em algum momento, a senhora suspeitou que o seu marido poderia chegar a esse ponto de matar o seu filho? Ele fazia algum tipo de ameaça?
Algumas vezes, ele ameaçava o menino, dizendo: “Se você sair, vou atrás de você e te mato”. Ele queria que o menino ficasse com ele. Aí, o Guilherme pensou em denunciar o pai. Eu disse para esperar. Ameaça poderia dar cadeia. No fundo, no fundo, o Alexandre não suportava a ideia de ver o seu filho preso pela polícia numa manifestação.
E como era a relação entre pai e filho antes da tragédia?
Uma vez, eles brigaram, e o Alexandre colocou o meu filho para fora de casa. Ele até trocou as fechaduras das portas. O Guilherme ficou na casa de um colega durante dois dias. Nesse período, o pai dele ficou doido. Ficou mal demais. Pensei que ele iria morrer. Ficou desorientado, porque ele tinha ciúmes. Ele era possessivo. Ele era louco por aquele filho. Ele queria o melhor para o menino. Mas o melhor dele não era o melhor para o menino. Aí, quando o Guilherme decidiu voltar para a casa, o Alexandre o ficou esperando à tarde inteira. Quando o menino chegou, Alexandre abriu a porta, abriu os braços e disse: “Meu filho…”. Aí, o Guilherme interrompeu: “Não quero que você me abrace, não”. Os dois conversaram no quarto. Me partiu o coração quando o Alexandre se ajoelhou, pediu perdão e falou: “Meu filho, não faz isso comigo, não. Você é o meu bem mais precioso. Estou com a minha mãe velhinha, que pode ir embora a qualquer momento. Eu só tenho você nesta vida. Eu te amo. Tenho medo de a polícia te prender”. Os dois fizeram as pazes e foram viajar. Foi a última viagem que fizeram juntos.
Em algum momento, a senhora pensou em se separar do seu marido?
Eu tinha medo de acontecer alguma coisa pior. Ele era tão apegado ao filho que poderia se suicidar. Fui suportando essa situação, tentando contornar. Eu o conheço bem. A gente estava junto há 22 anos. Ele não iria se conformar com a separação. Eu tinha medo. Se eu largasse dele, o que aconteceria? Ele era uma pessoa muito fechada. Não tinha amigos. Ele focou a vida dele só no filho.
O seu marido tinha problemas psicológicos? Ele tomava algum tipo de medicamento?
Na minha opinião, o Alexandre nunca esteve bem com ele mesmo. Ele queria que a firma dele desse certo, mas não deu. Ele tinha uma frustração. E isso o levava a dizer que ele não conseguiu nada na vida. Numa determinada ocasião, ele me falou que iria sentar no túmulo do pai dele e se suicidar com um tiro na cabeça. Falei para ele ir a psicólogos. Mas ele odiava psicólogos. Ele dizia que não precisava ir a psicólogos. Ele dizia que precisava de dinheiro.
Ele estava passando por dificuldades financeiras?
Ele estava sem trabalho há um certo tempo. A firma dele de engenharia não estava sendo contratada. E eu tinha que pagar as contas de casa. Isso o deixava deprimido.
Quando ele comprou a arma?
Ele tinha essa arma há um certo tempo. Essa arma era registrada. Às vezes, ele saía com ela para se sentir seguro.
Hoje, refletindo sobre os fatos, o que a senhora mudaria?
Talvez o jeito do Alexandre. Ele era muito difícil. Tudo tinha que ser do jeito dele. Ele dava opinião no que o menino iria vestir. Ele não gostava que o menino usasse camisetas com estampas de rock. Não deixava usar. Mas o Guilherme usava escondido. Além disso, Alexandre estava passando por um momento pessoal difícil. Ele não estava achando emprego na área dele. O mercado estava ruim. Ele não tinha condições de pagar nem as contas de telefone. Ele se sentia mal de ver pessoas menos preparadas que ele se dando bem na vida. Tudo isso fez com que ele explodisse.
Neto, 60 anos, com o filho. “O pai era muito possessivo e tinha um amor doente pelo filho”, contou ela, ainda sob o efeito de sedativos. Veja a seguir os principais trechos da entrevista de duas horas concedida na última quinta-feira.
Por que o seu marido que deu a vida ao seu filho resolveu tirá-la, suicidando-se logo em seguida?
O Alexandre era muito possessivo com o nosso filho. Quando o menino saía, ele ligava e ficava mandando mensagens para o menino a cada dez minutos, perguntando onde ele estava. Na verdade, ele tinha medo de perder o nosso único filho. O pai era muito possessivo e tinha um amor doentio pelo filho. E foi esse amor doentio do pai que matou o meu filho.
Como ocorreu a tragédia?
O Guilherme gostava de participar de manifestações, e o Alexandre se incomodava com isso. Ele não aceitava a possibilidade de o menino ser preso pela polícia durante os protestos nas escolas ocupadas. O Alexandre dizia para o Guilherme: “Pare com isso, meu filho, a polícia vai te prender, e eu não vou suportar ver meu filho preso”. No feriado do dia 15 de novembro, o Guilherme disse que iria para a manifestação. O Alexandre se opôs e falou que o menino não entraria mais em casa. O Guilherme se revoltou e disse que a casa era dele também e que o Alexandre não pagava as contas. O pai falou que iria chamar a polícia. O Guilherme pegou o celular e disse que ele mesmo iria ligar para a polícia. Então, o Alexandre tomou o celular da mão do menino e quebrou o aparelho no meio. Naquele momento, comecei a passar mal. Parece que a mãe sente a tragédia com o filho, né? Então, o Guilherme disse para o pai dele: “Você conseguiu o que queria. Fez a minha mãe passar mal”. Alexandre retrucou, dizendo que a culpa era do Guilherme, porque ele que queria participação manifestação, contrariando a sua vontade. Então, o Alexandre saiu de casa. Pensei que ele ir para o shopping para espairecer. O Guilherme foi para o quarto, onde ficou chorando e disse para mim: “Prefiro morrer a viver desta forma, aprisionado pelo meu pai”.
O Guilherme acabou indo para a manifestação?
Sim, ele arrumou as coisas dele e disse que iria sair. Aí, perguntei se ele iria voltar tarde. Ele me disse: “Eu vou lá, mas volto, mãe”. Eu estava preocupada, porque ele estava sem celular. Aí, o Guilherme saiu. Pouco tempo depois, às 17h01, o pai dele me ligou e perguntou se o menino tinha saído. Eu disse que sim. Ele desligou o telefone. Passou pouco tempo e ouvi um barulho de tiro. Eu estava na sala com a minha mãe. Aí, me deu um trem esquisito e desci do meu apartamento para a rua, correndo. Logo pensei: “Será que esse homem é tão louco para matar o Guilherme?”. Quando eu estava correndo, alguém comentou: “Foi o pai que matou o filho”. Aí, o meu mundo desabou. Cheguei na esquina e vi o Alexandre deitado sobre o meu filho, ensanguentado. Eu não acreditava no que estava vendo. Aí, gritei: “Meu, filho, meu filho”. O guarda me disse: “Já peguei o pulso dele. Está morto”. Fiquei lá, sem saber o que fazer. “Gente, não acredito que esse homem teve coragem de fazer isso”, pensei.
Em algum momento, a senhora suspeitou que o seu marido poderia chegar a esse ponto de matar o seu filho? Ele fazia algum tipo de ameaça?
Algumas vezes, ele ameaçava o menino, dizendo: “Se você sair, vou atrás de você e te mato”. Ele queria que o menino ficasse com ele. Aí, o Guilherme pensou em denunciar o pai. Eu disse para esperar. Ameaça poderia dar cadeia. No fundo, no fundo, o Alexandre não suportava a ideia de ver o seu filho preso pela polícia numa manifestação.
E como era a relação entre pai e filho antes da tragédia?
Uma vez, eles brigaram, e o Alexandre colocou o meu filho para fora de casa. Ele até trocou as fechaduras das portas. O Guilherme ficou na casa de um colega durante dois dias. Nesse período, o pai dele ficou doido. Ficou mal demais. Pensei que ele iria morrer. Ficou desorientado, porque ele tinha ciúmes. Ele era possessivo. Ele era louco por aquele filho. Ele queria o melhor para o menino. Mas o melhor dele não era o melhor para o menino. Aí, quando o Guilherme decidiu voltar para a casa, o Alexandre o ficou esperando à tarde inteira. Quando o menino chegou, Alexandre abriu a porta, abriu os braços e disse: “Meu filho…”. Aí, o Guilherme interrompeu: “Não quero que você me abrace, não”. Os dois conversaram no quarto. Me partiu o coração quando o Alexandre se ajoelhou, pediu perdão e falou: “Meu filho, não faz isso comigo, não. Você é o meu bem mais precioso. Estou com a minha mãe velhinha, que pode ir embora a qualquer momento. Eu só tenho você nesta vida. Eu te amo. Tenho medo de a polícia te prender”. Os dois fizeram as pazes e foram viajar. Foi a última viagem que fizeram juntos.
Em algum momento, a senhora pensou em se separar do seu marido?
Eu tinha medo de acontecer alguma coisa pior. Ele era tão apegado ao filho que poderia se suicidar. Fui suportando essa situação, tentando contornar. Eu o conheço bem. A gente estava junto há 22 anos. Ele não iria se conformar com a separação. Eu tinha medo. Se eu largasse dele, o que aconteceria? Ele era uma pessoa muito fechada. Não tinha amigos. Ele focou a vida dele só no filho.
O seu marido tinha problemas psicológicos? Ele tomava algum tipo de medicamento?
Na minha opinião, o Alexandre nunca esteve bem com ele mesmo. Ele queria que a firma dele desse certo, mas não deu. Ele tinha uma frustração. E isso o levava a dizer que ele não conseguiu nada na vida. Numa determinada ocasião, ele me falou que iria sentar no túmulo do pai dele e se suicidar com um tiro na cabeça. Falei para ele ir a psicólogos. Mas ele odiava psicólogos. Ele dizia que não precisava ir a psicólogos. Ele dizia que precisava de dinheiro.
Ele estava passando por dificuldades financeiras?
Ele estava sem trabalho há um certo tempo. A firma dele de engenharia não estava sendo contratada. E eu tinha que pagar as contas de casa. Isso o deixava deprimido.
Quando ele comprou a arma?
Ele tinha essa arma há um certo tempo. Essa arma era registrada. Às vezes, ele saía com ela para se sentir seguro.
Hoje, refletindo sobre os fatos, o que a senhora mudaria?
Talvez o jeito do Alexandre. Ele era muito difícil. Tudo tinha que ser do jeito dele. Ele dava opinião no que o menino iria vestir. Ele não gostava que o menino usasse camisetas com estampas de rock. Não deixava usar. Mas o Guilherme usava escondido. Além disso, Alexandre estava passando por um momento pessoal difícil. Ele não estava achando emprego na área dele. O mercado estava ruim. Ele não tinha condições de pagar nem as contas de telefone. Ele se sentia mal de ver pessoas menos preparadas que ele se dando bem na vida. Tudo isso fez com que ele explodisse.
de poder e dinheiro á qualquer ser humano..ele vai se achar Deus, papa ,presidente, juiz e executor dos outros.. é o retrato de nossos tempos.. o amor é desconhecido na terra e afastado do bem o mundo está..mas meu redentor vive e no tempo dele o mal será extirpado da Terra e nenhuma mae chorará sobre a injustiça humana ..entao chegaremos ás estrelas.. mas por enquanto só essas situaçoes absurdas..
ResponderExcluirisso é o inferno verdadeiro.. a biblia sempre avisou... repare as manchetes..a coisa está acontecendo.. quem tiver olhos e ouvidos atentos perceberá.. lentamente caminhamos para a destruiçao final..nada ficará vivo na terra..é o destino inevitável... nao pode ser mudado.foi profetizado e está se realizando..naçao contra naçao, pai versus filho e tudo mais..triste mas esperado..
ResponderExcluirSem Deus nao há saida.. familia,emprego,posiçao social.. nada existe sem o equilibrio mental,emocional... saber dar limite até á própria doença social do sucesso é fundamental..fora isso veremos todos os dias essas aberraçoes... que Deus conforte essa mae e de á ela a certeza de um amanha melhor com Deus.. coisa triste viu...
ResponderExcluira pressao social pelo sucesso, o ganhar dinheiro de qualquer forma está criando novas doenças de toda natureza..matar alguem por nao concordar com sua forma de viver mostra essa deformidade mental e incapacidade de enfrentar a vida..se nao filtrarmos essas coisas a propria sociedade entrará em auto-destruiçao..e já começou..mudar enquanto é tempo..ewstamos virando um japao onde esse tipo de coisa é frequente(suicidios,mortes por questoes de dinheiro etc..)to saindo.. vou é namorar...
ResponderExcluirgeraçao internet.. doença de todo tipo.. namorar pelo what.. conhecer virtual.. nao conversar ,nao brincar sadiamente... a doença avança no tempo e cria desajustados de todo jeito..resultado esse ai..
ResponderExcluirKue maravilha vai namora seja feliz vomos eskece ese fato lamentável
ResponderExcluirO capeta ta solto vamos faser oração te fé em Deus por k com eli ja ta dificio imajini sem eli
ResponderExcluirTa faltando amor kuando eu falo k pegei amor as pessoas minha família fica com bonca de mim
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