JOSÉ FERNANDO ÁLVARES GUNDLACH FOI BALEADO NO ROSTO EM PONTO
DE ÔNIBUS. TÉCNICO EM SOM GAÚCHO FOI PARCEIRO DE MÚSICO E MORTE GERA COMOÇÃO.
Morreu na tarde desta segunda-feira (5) o especialista em
sonorização JOSÉ FERNANDO ÁLVARES GUNDLACH, 62 anos, baleado no rosto durante
um assalto no bairro de Saboeiro, em Salvador. A informação foi confirmada pela
assessoria de comunicação do Hospital Geral Roberto Santos, onde a vítima
estava internada. O corpo foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML). Gundlach
foi baleado durante assalto na tarde de domingo (4). De acordo com a polícia,
ele estava em um ponto de ônibus no final de linha do bairro, na Rua Silveira
Martins, quando foi anunciado o assalto. Um amigo da vítima informou ao G1 que
Fernando Gundlach entregou os pertences sem reagir ao assalto, mas, ainda
assim, o criminoso atirou contra a vítima. Segundo o
amigo, o técnico chegou a
ser submetido a uma cirurgia, porque perdeu massa encefálica e estava em coma. O
caso é investigado pela Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR). A
polícia não tem informações sobre a autoria do crime. O corpo dele será
enterrado às 16h de terça-feira (6) no Cemitério Jardim da Saudade, no bairro
de Brotas, em Salvador.
A morte causou comoção no meio musical e artístico da Bahia.
Gundlach foi parceiro de músicos como Luiz Caldas, que postou, em sua página no
Facebook, texto em homenagem ao amigo. Na mensagem, Luiz Caldas lamenta a
perda, conta que chegou a ir ao hospital para acompanhar o estado de saúde do
parceiro e critica a cultura da violência.
"Em chuva de sangue sobre o verde e amarelo de um
Brasil que era de paz, a vida humana passou a não ter valor, infelizmente. A
cultura da violência impera. É a triste realidade. Ainda no domingo, fui ao
hospital Roberto Santos, assim que soube do lamentável ocorrido. Dói vivenciar
tamanha barbárie. Gundlach é mais uma vida que se vai e que entra na
estatística da violência. Rezei para que o amigo se recuperasse e que voltasse a
sorrir, mas a criminalidade mais uma vez venceu. Deixo neste momento de dor
essas breves palavras e o meu conforto à sua família e aos demais amigos de
Gundlach. Obrigado por ter feito lindos sons comigo. Adeus amigo, obrigado por
tudo. Descanse em paz!", diz um trecho.
O Teatro Castro Alves (TCA), principal teatro da Bahia,
divulgou nota de pesar. Segundo o TCA, Fernando Gundlach tem 39 anos de atuação
e formação internacional na área de sonorização pela Califórnia State
University e Fullerton College. O TCA informou que ele também cursou eletrônica
no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) de Porto Alegre, no Rio
Grande do Sul, de onde é natural. Gundlach foi instrutor em sonorização da Rede
Motiva, ministrou cursos na Pracatum Mídias Sonoras e atuou como técnico de som
de Luiz Caldas em vários discos. "Fernando assinou trabalhos de diversos
eventos realizados aqui nos nossos espaços: Sala do Coro, Concha Acústica e
Sala Principal", informou o TCA.
A Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb) também
divulgou nota de pesar em que lamenta o ocorrido e repudia a violência. Em
2012, José Fernando Álvares ministrou aulas de sonorização no curso de
Tecnologias em Artes Dramáticas, parceria da Funceb com o Instituto Federal da
Bahia (Ifba) e o TCA. "Ele sempre buscou a harmonia dos sons, a apuração
musical, a afinação com a vida. A perda foi lamentada por amigos, parentes,
admiradores, seguidores e gerações de alunos. Fernando morreu deixando como
viúva Neu Oliveira", informa a nota.
A Sociedade de Engenharia em Áudio (AES), em nota de pesar,
descreveu que Gundlach se mudou para Salvador em 1983. Um ano depois, iniciou
trabalho como técnico de gravação na WR. Até 1988, a entidade informou que ele
gravou mais de 100 discos de artistas baianos. "A partir de 1986, começou
a viajar pelo Brasil como técnico de PA, tendo participado de tournês pelo
Brasil, Estados Unidos e por dez países da Europa", informou. Segundo a
Sociedade, ele fundou, no ano de 1994, a "dB Cursos e Treinamentos",
em Salvador. Em dezembro de 1998, Gundlach fez os cursos nos Estados Unidos.
Hoje, ele trabalhava como freelancer em estúdios de gravação, elaborando
projetos de estúdios de ensaio e de gravação, além de ser o técnico de PA de
Luiz Caldas. "Gundlach era membro da AES desde 1996 e dedicou sua vida à
propagar o conhecimento sobre o áudio profissional e representa uma grande
perda para o segmento no Brasil.
Fonte: G1 BA
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