POLÍCIA BUSCA IMAGENS DE CÂMERAS DE SEGURANÇA NA INVESTIGAÇÃO
DO CASO. CORPO DE GAROTO FOI ACHADO EM GELADEIRA ENROLADO EM SACOS E LENÇOL.
O Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa
(DHPP) solicitou imagens do circuito interno do prédio onde fica o apartamento
no qual o corpo de um menino foi encontrado morto dentro de um freezer nesta
sexta-feira (4). Vizinhos ouvidos pelo G1 afirmam que o padrasto, a mãe e as
irmãs da vítima saíram do prédio há dois dias.
O prédio fica na Rua Santo Amaro, na região central de São
Paulo. Segundo o boletim de ocorrência, o menino teria aparentemente cinco anos
e vivia com a mãe, o padastro de 26 anos e duas irmãs. Os
pais e as meninas não
foram encontrados e o DHPP investiga o caso. A Secretaria da Segurança Pública
não divulgou o nome do menino.
A família era dona de uma bomboniere no térreo do edifício e
morava no primeiro andar. Por volta das 18h40 de sexta, vizinhos ligaram para a
polícia para verificar se havia algo estranho no apartamento.
O primo do padrasto do menino contou à polícia ter
estranhado o fato de o vendedor de 26 anos deixar de abrir a bomboniere. Ele
foi até o apartamento e, na porta, sentiu um cheiro muito forte. O homem chamou
o proprietário do imóvel e lá encontraram, no freezer, o corpo do menino enrolado
em um lençol e em sacos plásticos, segundo o boletim de ocorrência.
Segundo o primo, o menino era filho da companheira do
vendedor. Agentes da Polícia Técnico-Científica foram acionados para fazer
perícia.
Os vizinhos da família colaram cartazes neste sábado (5) na
porta da bomboniere pedindo justiça. As mensagens desejavam também que o menino
"descanse em paz".
O morador do prédio Marco Amorim contou ter sentido um
cheiro forte vindo do apartamento nos dois últimos dias. "A gente passava
e sentia um cheiro insuportável", disse. Ele contou que, no início da
semana, viu o padrasto do menino esvaziando a geladeira de sorvetes da
bomboniere e levando para dentro do apartamento.
O vizinho afirmou ainda que "cansou de reclamar para a
síndica" do choro das crianças. "Era toda noite", completa sua
esposa, Sâmara Silvestre. O casal contou que o menino já havia ido para o
Conselho Tutelar após denúncias de maus-tratos de uma professora.
Sâmara disse que, nesta sexta-feira, quando o proprietário
do apartamento foi tentar entrar, ele não conseguiu. "Trocaram a
fechadura."
Renata Daniele Fernandes era colega da família e fornecia
doces para a bomboniere. Ela mora no prédio vizinho, e contou que a mãe falava
que o menino "dava muito trabalho" e ela queria mandá-lo de volta
para a África do Sul, de onde a família era. As duas meninas pequenas nasceram
no Brasil.
O filho de Renata costumava brincar com o menino. Segundo
ele, a criança dizia que o sonho dela era ser jogador de futebol e comprar uma
casa na praia para a mãe. Outro morador do prédio, Jorge Pantoja disse que a
família era querida pelos vizinhos. "Todo mundo adorava o cara. Ele era
muito bacana".
Maria Célia Moreira já trabalhou na Escola Estadual Paulo
Machado de Carvalho, onde o menino estudava. Ela relata que, no ano passado,
houve um comunicado ao Conselho Tutelar sobre o menino e ele acabou levado para
um abrigo.
"Eu não sei como que devolveram ele para os pais. Não
era para ter sido devolvido, devolveram uma vez, e aí comunicamos ao abrigo que
o menino estava chorando, queria voltar para o abrigo, e ele voltou para
abrigo. É a mãe que batia. É um absurdo uma coisa dessa, de a gente ficar
chocado. Nós percebemos que ele estava sendo mal tratado. Era um menino muito
lindo, muito doce".
O Conselho Tutelar afirmou ao G1 que só consegue
informação sobre o caso na terça-feira (8). A Secretaria Municipal de Direitos
Humanos disse que vai apurar se houve atendimento ao menino e o que aconteceu.
Fonte: G1
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