BRASÍLIA — A presidente Dilma Rousseff desistiu de propor ao
Congresso a recriação da CPMF, pelo menos por enquanto. Após reunir-se com
ministros neste sábado, a presidente avaliou que é melhor olhar a questão do
financiamento da saúde com calma e promover um debate com toda a sociedade —
nos mesmos moldes de como será feito com a previdência social.
Os ministros da Junta Orçamentária de 2016, composta pelos
ministérios do Planejamento (Nelson Barbosa), da Fazenda (Joaquim Levy) e Casa
Civil (Aloizio Mercadante), ficarão debruçados neste
fim de semana sobre a
proposta de orçamento para o próximo ano que precisa ser entregue ao Congresso
na segunda-feira. Uma nova reunião está marcada para este domingo. Nela, será
batido o martelo sobre o formato final do Orçamento.
A recriação da CPMF, proposta por Joaquim Levy, poderia
arrecadar até R$ 80 bilhões, segundo estimativas do governo. A decisão de não
recriar o imposto, no entanto, foi tomada após a reação negativa do Congresso e
do empresariado na última semana.
— A presidente avalia que esse deve ser um debate de médio e
longo prazo. Não está mais em discussão o encaminhamento disso (CPMF) neste
momento. O governo decidiu que vai encaminhar uma proposta para o financiamento
da saúde com mais calma — afirmou um integrante da equipe econômica.
Técnicos do governo afirmam que o Orçamento de 2016 fica
inviabilizado sem o novo imposto, e o que será enviado ao Congresso será uma
peça de ficção. Integrantes da equipe econômica afirmaram que o rombo estimado
nas contas de 2016 é de R$ 130 bilhões. Para cobrir essa diferença, foram
feitos cortes de R$ 50 bilhões nas despesas. Do lado das receitas, trabalhou-se
com uma arrecadação de R$ 60 bilhões com a CPMF (depois de todos os repasses
para estados e municípios). O restante da conta seria fechado com a venda de
ativos e a reversão de outros incentivos tributários.
— Sem a CPMF, a conta não fecha — disse um integrante da
equipe econômica.
A discussão sobre o retorno da Contribuição Provisória sobre
a Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza
Financeira (CPMF) foi grande nos últimos dias. Na quinta-feira, Dilma chegou a
ligar para o vice-presidente Michel Temer, para informar sobre a proposta de
recriação do imposto. Segundo assessores, Temer avaliou que a ideia teria
grande resistência no Congresso Nacional e também no setor produtivo. No dia, a
presidente pediu que o vice conversasse então com Levy, para fazer uma
avaliação política da matéria. Governadores aliados à presidente, como Luiz
Fernando Pezão (PMDB-RJ) e Flávio Dino (PCdoB-MA), chegaram a declarar ser
contra a nova proposta.
Ontem, em um jantar com governadores do Nordeste, Dilma
indicou ter dúvidas sobre a viabilidade da volta do imposto do cheque e pediu
sugestões de financiamento para a saúde.Governadores que participaram do jantar
com Dilma disseram que ela não anunciou a recriação da CPMF:
— Foi tratado das dificuldades do equilíbrio financeiro da
União, e dos estados também, especialmente em áreas como a sustentação na
saúde. Mas foi dito pela presidente Dilma que não há uma decisão do governo
sobre a criação da contribuição sobre movimentação financeira — disse o
governador do Piauí, Wellington Dias (PT), em declaração divulgada por sua
assessoria de imprensa.
Apesar da falta de recursos e de considerar a CPMF um
imposto “justo”, Dias afirmou que esse não é o melhor momento para recriá-la:
— Considero o momento de retração econômica delicado para
tratar da criação de novo imposto.
O governador da Bahia, Rui Costa (PT), disse que não está no
horizonte de Dilma apresentar a proposta de recriação da CPMF nesta segunda-feira:
— A CPMF não é a única bala na agulha que pode resolver a
situação do financiamento da saúde.
No jantar, o governador do Rio Grande do Norte, Robinson
Faria (PSD), disse que só apoiava a volta da CPMF se uma parte maior dos
recursos fosse destinada para os estados. Dilma ficou calada diante dessa
ponderação, segundo governadores.
A proposta de recriação da CPMF em estudo no governo prevê
que mais de 90% da arrecadação fiquem com a União. Segundo técnicos da equipe
econômica, o projeto que estava sendo elaborado originalmente devia fixar a
alíquota em 0,38%. Deste total, 0,35% iriam para o governo federal, 0,02% para
estados e 0,01% para municípios.
O governo propôs dividir essa receita com estados e
municípios como forma de obter o apoio de governadores e prefeitos para sua
aprovação no Congresso. O governado de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), afirmou,
no entanto, que estados e municípios têm de saber o que representaria essa nova
contribuição nas suas finanças. Para ele, a volta da CPMF deve ser discutida
com uma revisão mais ampla do sistema tributário, de forma que essa
contribuição possa ser compensada com a extinção ou redução de outros tributos.
De acordo com participantes do encontro, a presidente não
fez uma defesa entusiasmada do assunto, mas estimulou o debate. Ela perguntou
que alternativas os governadores sugeriam. Uns propuseram o aumento do seguro
Dpvat, do trânsito; outros, do Imposto de Renda para as camadas mais altas.
Fonte: O Globo
UM GOVERNO SEM RUMO QUERENDO TRAZER DE VOLTA UM IMPOSTO QUE JÁ FOI DERRUBADO A TEMPOS,DILMA ESTAR NA MESMA CONDIÇÃO DO VASCO DA GAMA A SUA QUEDA É QUESTÃO DE TEMPO PODE AGUARDAR.
ResponderExcluirA queda vai ser grande.kkkk gostei do seu comentário.kk
ResponderExcluirA queda vai ser grande.kkk
ResponderExcluirFORA DILMA......
ResponderExcluirQuer recuperar o dinheiro do roubo aumentando, criando e recriando impostos. A CPMF foi uma contribuição criada por FHC para uma realidade da époça de um país que recém se libertava de uma inflação de mais de 80% ao mês - isso há quase 20 anos atrás..hoje esse imposto não faz sentido a não ser por incompetência, mesmo.
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