O LOCAL ONDE A CRIANÇA MORA ATÉ OS 16 ANOS É DETERMINANTE NO SEU FUTURO. EXPOSIÇÃO A VIOLÊNCIA DURA POR DÉCADAS.
BBC
Na hora de determinar nosso destino econômico, poucas coisas importam tanto como o bairro em que nascemos e crescemos. Todos sabemos que viver em uma região mais pobre reduz as possibilidades materiais de seus habitantes. Por isso, muitos sonham ir para uma parte mais afluente da cidade onde vivem.
Mas um estudo recente dos pesquisadores americanos Douglas Massey, da Universidade de Princeton, e Jonathan Rothwell, do Instituto Brookings, vai além: traz novas evidências de que
simplesmente se mudar de um bairro precário para um melhor não é suficiente.
De acordo com a pesquisa, o local específico da cidade onde uma pessoa passa os primeiros 16 anos de sua vida é determinante na renda que ela terá muitas décadas depois, mesmo que mude seu local de residência diversas vezes.
A conclusão é uma má notícia para os que acreditam na possibilidade de ascensão e mobilidade social. E pode fornecer mais argumentos às discussões sobre propostas polêmicas de vários países, incluindo alguns latino-americanos, de levar habitantes de bairros pobres para viver em regiões mais ricas das cidades.
“O bairro é o ponto crítico onde se bloqueiam as aspirações das pessoas para subir na vida”, disse Massey à BBC. Para ele, as experiências vividas no local de nascimento também são uma herança da qual é difícil escapar.
“Os bairros pobres tendem a ter taxas mais altas de desordem social, crime e violência. As pesquisas mostram cada vez mais que a exposição a este tipo de violência não tem somente efeitos de curto prazo, mas também de longo prazo na saúde e na capacidade cognitiva de seus habitantes”, afirma o pesquisador. “Esses efeitos não se apagam quando as pessoas crescem.”
A vida nos bairros mais carentes implica frequentar escolas de má qualidade, ficar mais longe das oportunidades de trabalho e mais perto dos focos de violência de nossas cidades.
Segundo o estudo de Massey e Rothwell, um americano deixa de ganhar, em média, cerca de US$ 900 mil, ao longo de sua vida se vive em um bairro pobre, comparado com o que recebe uma pessoa de um bairro de classe alta.
Segundo os pesquisadores, a tendência é que esse valor aumente.
“À medida em que a distribuição de renda fica mais desigual, ocorre o mesmo com a distribuição dos bairros. A concentração da riqueza e da pobreza aumentou. Os bairros pobres se tornaram mais pobres e ficou mais difícil escapar do status socioeconômico da pobreza”, afirma Massey.
Mas qual seria a solução para evitar que nascer em determinado bairro se transforme em uma sentença?
Massey acredita que é importante acabar com a segregação por bairros, a mesma que faz com que a vida de cidadãos de diferentes classes econômicas acabem tomando direções opostas em suas vidas.
O pesquisador recomenda “ajudar as pessoas a se mudar de regiões de muita pobreza para áreas de classe média e alta, onde tenham acesso às vantagens que as comunidades mais abastadas oferecem”.
Ele sugere construir moradias públicas subsidiadas em bairros mais ricos para que os pobres possam sair dos bairros marginalizados das cidades.
Oferecer aos jovens de classes sociais mais baixas a oportunidade de começar suas vidas em regiões mais ricas, diz Massey, pode ter um grande impacto positivo em suas trajetórias de vida.
Esse é um dos argumentos usados em capitais europeias como Londres, onde, após a Segunda Guerra Mundial, foram construídos conjuntos habitacionais estatais subsidiados em meio aos bairros mais ricos da cidade – que ainda existem.
Nos últimos meses, a proposta do prefeito de Bogotá, Gustavo Petro, de um programa piloto para levar habitantes pobres para viver em um conjunto de edifícios de um bairro rico causou polêmica na Colômbia.
A ideia foi chamada por opositores de medida populista e classificada como uso pouco eficiente de recursos públicos escassos. Eles afirmam que estes recursos deveriam ser usados para melhorar as condições dos bairros pobres onde vive a maioria dos habitantes da capital colombiana.
O estudo de Massey e Rothwell se baseou em informações sobre bairros nos Estados Unidos, mas Massey insiste que os resultados encontrados na pesquisa se aplicam a qualquer outro país onde há altos níveis de segregação por causa de classe social.
“É um fenômeno que se observa frequentemente na América Latina”, afirma.
No entanto, a conclusão da pesquisa causou mais surpresa nos Estados Unidos.
“Os americanos não gostam de admitir, mas a classe social está se tornando uma prisão para as pessoas porque os bairros determinam nossa sorte. Nossa taxa de mobilidade social está ficando para trás em relação à de outros países industrializados”, explica Massey.
“Nos Estados Unidos gostamos de pensar que qualquer pessoa pode ir para onde quiser com base apenas em seus talentos e habilidades. Mas isso é cada vez menos o que acontece. O talento e a habilidade se contraem quando as pessoas estão presas em ambientes segregados.”
E policial que gerry prendeu com droga em itapetinga, não vai fazer uma materia dele não ?
ResponderExcluirEssa pesquisa, que parece não ter muita importância para os mais incautos, na verdade, é importantíssima! Saber o impacto que o ambiente causa no ser humano e a fundamental importância disso em seu sucesso ou fracasso (e todos os impactos em seus descendentes e até ascendentes) porque se ele ascende, acaba melhorando a vida dos pais, avós, tios, etc. Toda uma geração pode ser trasnformada a partir de uma decisão inteligente de um ascendente. Então, temos que fazer boas escolhas sempre pensando em nós e nos que virão depois de nós e ensinarmos esse pensamento para as crianças.
ResponderExcluirE quanto mais a pessoa é pobre mais gosta de tem filhos,deveriam pensam no futuro da criança,isso também é amor.Tenho 26 anos e pretendo ter um filho quando terminar minha faculdade e passar em um concurso público.A partir dos 30 acho uma boa idade para ter o primeiro filho e quero ter só dois,pois educar um ser humano é muita responsabilidade.Todas as mulheres deveriam pensar assim,pois a vida não é tão fácil para ficar montando time de futebol.
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