DE LEANDRO BARROS ( O LÉO GORDO) PARA TIAGO BOTTINO: A LINDA CARTA ESCRITA POR LÉO SEMANAS ANTES DA MORTE.

01 ANO DEPOIS DA MORTE DE LEANDRO BARROS, REPUBLICAMOS A CARTA QUE ELE ESCREVEU FALANDO DO AMOR QUE SENTIA PELO SEU PAI WILSON, E AS SAUDADES QUE TINHA DO MESMO.  

RECORDAR É VIVER E REVIVER

SAUDADES TIGRÃO (WILSON BARROS COSTA)

Caro Tiago, Valeu pela lembrança já se foi um ano sem meu velho e guerreiro pai, falta que nem posso descrever o tamanho que ela faz. 

Às vezes paro e penso será que é verdade? Ai vemos que isso será o caminho de todos nos um dia. A partida nossa é a única certeza a de meu pai foi antecipada devido a um problema de saúde ao qual ele foi acometido, tendo assim o levado com antecedência do nosso convívio. 

Fico daqui a lembrar caro Bottino da responsabilidade que meu pai (TIGRÃO) tinha, digo isso porque após eu ter levado ele a um médico em Vitória da Conquista, que foi quem descobriu sua doença, e esse me disse da

necessidade com extrema urgência de transferência para um centro maior, para um tratamento mais detalhado, já me desenganando. Meu pai com toda a sua serenidade me disse que só poderia sair para o tratamento uma semana após, visto que tinha que arrumar alguns contratos e passar as coordenadas para os seus colegas de trabalhos. Isso me mostra hoje o zelo e a dedicação que o mesmo tinha pelo banco.

De lá de salvador para cá, todos os dias eram diversas ligações para o Bradesco para saber como estava a agência, parecendo até que aquilo ali era de sua propriedade. Ai vi hoje com o seu relato, "o banco do Wilson", que não era só com você amigo, quantas eram as pessoas que ligavam para ele enfermo para tirar suas dúvidas, pois muitas nem sabiam da sua enfermidade... Fico a me recordar das broncas que ele dava aos clientes que estavam na sua carteira no banco para realizar empréstimos e ele com sua paciência via a necessidade do cliente, mais, visando reciprocidade de pagamento do mesmo. Termo que ele usava sempre, que era bom emprestar mais era melhor receber. Ainda falava que ele tinha que dosar alguns pedidos de clientes, pois se ele fosse satisfazer o pedido total eles iam se endividar e o banco não andava sem seus clientes. Já vi e ouvi relatos de diversos clientes que foram a sua velha mesa, aquela lá do fundão... A mais lotada do Bradesco aquela mesmo que se amontoavam a maior aglomeração de pessoas, sentadas até pelo chão, aquela que nunca mais terá o mesmo brilho... Quem pedia 1.000,00, ele arrumava 700,00, mas ninguém saia sem seu problema resolvido. 

O saudoso TIGRÃO

Tigrão deixou muitas saudades, extremamente curtidor viveu intensamente a sua passagem aqui no nosso meio, foi fundador de bloco, o antigo Ki-Xaranga, foi Barraqueiro em diversas exposições agropecuárias la na baixada fluminense, foi funcionário do Saae, do antigo Baneb, do Gefab, das lojas pernambucanas, vendeu leite na rua, foi diretor do Itc, foi dono de padaria, era Delegado dos direitos humanos, era gerente da carteira de empréstimos do banco Bradesco. 

Passou dessa dimensão para a outra mais deixou impressa a sua marca nos corações de quem ele serviu, e mostrou para que serve a nossa vinda a essa dimensão terrestre. Serviu com dignidade do rico ao pobre, do excluído ao de melhor posse. Quantas foram as minhas broncas a ele, quando ele no seu domingo deixava de ir a sua propriedade rural tirar um lazer para ir lavar a cadeia pública, para levar dignidade aos excluídos e levar revistas e os seus conselhos para aquela gente excluída por todos, mais lembrada por ele. 

Assim foi meu pai um namorador nato. Sempre fico daqui a reviver as brincadeiras dele quando se referia as suas "laurinhas", termo que o mesmo usava para não da nome as namoradinhas, as perturbações no banco aos colegas aos quais ele chamava de meu bofe, Ao ouvir relatos de diversos colegas, que em situações de dificuldades na agência ele sempre diziam para ouvir os conselho de um funcionário de mais de 30 anos de experiência, me lembro ainda de quando eu ia ao Bradesco la por volta das 06h00min da tarde e la estava ele cantarolando as suas serestas e liberando os contratos realizados durante o dia, não gosto nem de passar aos sábados pela lagoa la pelo bar do dedeu porque la esta a sua cadeira cativa e sua turma toda a sua espera mais você não vai mais voltar pai, esse ai foi meu pai um gigante pai de família super conselheiro amoroso e companheiro da sua forma doida de VIVER mais foi e será sempre presente. 

AFINAL, RECORDAR É REVIVER.

RELATOS DO SEU FILHO

LEANDRO FERREIRA BARROS

23 de maio de 2011