SÃO FÉLIX: UM MISTÉRIO QUE ATERRORIZA ITAPETINGA.

A MOTIVAÇÃO E A PRATICA  DO CRIME AINDA INQUIETAM A POPULAÇÃO.

 Tiago Bottino - Editor Itapetinga Agora

o menor E.R.S. acusado de autoria do fato

A prorrogação da Prisão do adolescente E.R.S. 17anos, nascido em 07/08/1993 e de HÉRICA BRITO SANTOS, 18 anos, não deixou tranqüila a população de Itapetinga, que aguarda ansiosamente o fechamento do inquerito polícial, com o desvendamento das reais motivações que os levaram a realização desse crime.

Para o Delegado de Policia Civil Dr. Roberto Júnior está clara a participação do menor E.R.S, porém a forma como o menor participou do crime ainda está sob investigação,  ele até agora tem negado veementemente a participação ou mesmo a autoria do fato.

Mesmo com a negativa do menor o enredo do crime está sendo totalmente desvendado pelo Delegado, que espera em pouco tempo fechar totalmente o inquérito policial. “Já não temos dúvidas que o menor esteve presente durante o crime, porém a forma e as motivações é o que ainda estamos investigando.”

A PARTICIPAÇÃO DE HÉRICA

Hérica Brito - acusada de fornecer informações.

Para a Polícia Hérica Brito Santos não teve participação nas agressões, porém ela é suspeita de ter passado para o menor informações à cerca de São Félix. Perguntado se ele acreditava que a moça havia contratado o menor para matar Félix o delegado discordou. “O que acreditamos é que ela passou informações apenas para o suposto roubo de um  dinheiro, e talvez não queria que Félix fosse agredido.”

Érica também nega a participação no crime. Alguns amigos informaram ao Itapetinga Agora que a jovem já tentou suicídio por duas vezes.

DELEGADO ROBERTO Jr RAPIDEZ E AGILIDADE NA INVESTIGAÇÃO

O Delegado de Polícia Civil ANTÔNIO ROBERTO Jr comprou uma guerra pessoal com a elucidação do assassinato de São Félix. Mesmo com a prisão dos supostos envolvidos ele não parou um só segundo com a investigação: “Queremos fechar esse inquerito sem deixar quaisquer dúvidas à respeito da autoria e da realização do crime. Ainda faltam algumas perguntas à serem respondidas com a investigação e estamos trabalhando com afinco para reponde-las.” Roberto Júnior tem sido elogiado em todo o estado pela rapidez e agilidade com que tem conduzido a investigação da morte de Félix.

TOMBAMENTO DO "REFÚGIO DO ARTISTA"

o amigo e professor Coelho Dias brinca com Félix

O jornalista GILSON VASCONCELOS publicou um texto no site Itapetinga News onde ressaltou a importância de se transformar o Colégio Agro Industrial em um museu em homenagem ao artista São Félix, outros artistas também se envolveram no debate e cobraram a criação do museu “Refúgio do Artista” na casa onde Félix morava, nos fundos do Ginásio Agro Industrial. A discussão sobre o que será feito agora da casa de Félix está envolvendo toda a classe artística de Itapetinga.

 Confiram o texto de Gilson Vasconcelos.

Colégio Agro Industrial deve ser transformado num museu em homenagem à São Félix?

Gilson Vasconcelos

É muito mais que justo homenagear São Félix transformando o Colégio Agro Industrial local onde viveu num museu. Isso se a cidade, principalmente nossos governantes no qual foram constituídos, realmente valorizem a obra e a sua memória.

Tive pouco contato com São Félix, apesar de já quase oitos residindo em Itapetinga, mas tenho bastante contato com as obras do artista. A “praça do boi” é uma delas que por várias vezes eu levava meu sobrinho Caio para brincar “montando-o” na vaca, no boi e até mesmo no bezerrinho. O mesmo aconteceu com a vinda de Arthur meu segundo filho, horas e horas ali brincando, nos divertindo. Arte de São Félix. Também por diversas vezes na Praça dos Pioneiros, indo pra Lagoa, me defrontava com aquele “burrinho”, as frases em fim, nunca tinha visto um local com tanta identidade cultural como Itapetinga. Deve-se isso a São Félix. A Matinha nem se fala, lembro de uma foto que minha irmã Maria de Camacã, sul do estado, tirou com a cabeça quase “dentro” da boca de uma onça também feita por São Félix. A tartaruga, os peixes, em fim são tantas obras que uma página seria insuficiente para descrevê-las.

Conversei pouco com São Félix, mas o pouco contato que tive com aquele velhinho sorridente, de corpo magro, olhar profundo, eu sentia uma coisa muito importante que vinha de dentro daquele senhor na altura de seus mais de oitenta anos. A última vez que estive com ele, foi durante as eleições. Fui acompanhar minha namorada Taline na votação e por incrível que pareça eu nunca tinha entrado no Colégio Agro Industrial. Parece até brincadeira, mas é a pura verdade. Sabia que ali além de ser uma escola também abrigava um importante artista: São Félix.

Assim que Taline votou, me veio à curiosidade de conhecer o local onde São Félix morava. O colégio bastante espaçoso, árvores, pinturas, e lá bem no cantinho uma casa debaixo de uma mangueira se refugiava o artista. Quando nos aproximávamos da casa lá estava ele. O celular tocou no bolso dele– fiquei surpreso como São Félix com mais de oitenta anos atendia o celular de maneira bastante natural. Do outro lado da linha, pela resposta de São Félix alguém perguntava se ele já tinha votado. Ele respondeu que sim e ainda citou em quem tinha votado, claro que não vem ao caso divulgar. Após desligar o telefone, São Félix, começou a conversar conosco, antes disso, nos levou para conhecer a sua casa. Fiquei impressionado com o lugar. Pensei comigo, ele merece coisa melhor. E a confirmação veio em seguida onde São Félix reclamava das pedras que jogavam na mangueira e acabavam atingindo o telhado de sua casa. Enquanto ele falava, fiz uma viagem em meus pensamentos: Preciso fazer uma reportagem com São Félix, de alguma forma, muita gente já fez, mas eu ainda não, seria uma pauta importante, fiquei imaginando por alguns instantes como seria. Mas meus pensamentos foram quebrados com ele dizendo que tinha um local, um terreno num bairro da cidade, onde gostaria de construir um museu onde colocaria suas obras. Ele citou que já tinha feito um orçamento mas, que infelizmente não tinha recursos para executar a obra. Ele reclamava sobre a falta de valorização do seu trabalho. Fiquei imaginando comigo mais uma vez: Mas será que as pessoas não vêem isso... e os governantes nada fizeram até então para ajudar o artista... é uma pena. Segundo ele, a obra em seu cantinho não custaria mais de 10 mil reais. Um valor insignificante para com a obra que ele realizou ao longo de tantos anos por Itapetinga. Uma merreca, para quem ganha lá seus mais de cinco mil todo mês as custas do contribuinte.

Nos despedimos de São Félix e a imagem da casa do artista não saía de minha cabeça. Ao longo de mais de três anos em busca de assuntos que fossem interessantes a sua publicação, nunca me pautei no uso do sensacionalismo para fazer as reportagens, sempre me preocupei com a qualidade e credibilidade da informação como meio de transformação da sociedade e em várias delas o que era para alguns uma coisa comum se transformava aos meus olhos em algo muito interessante quando executado e finalizado. Não foi o que aconteceu com São Félix, prometi voltar lá, não retornei para falar com ele. Gostaria muito de ter o prazer de ouvir suas histórias e poder espalhar para todos em forma de reportagem. Quando soube do ocorrido, fiquei triste e mais ainda, como tantas outras pessoas com a sua morte.

Nesta segunda – feira, 17, enquanto várias pessoas aguardavam a chegada de seu corpo que vinha de Itabuna, fiz várias imagens da Praça dos Pioneiros, sua última obra. Aos poucos as mais pessoas iam chegando, perguntando que horas chegaria o corpo do artista e onde seria um velório. Por alguns instantes, munido de minha câmera, saí e fui em busca de imagens de quase todas as obras do artista, desde a Matinha até a Campus Juvino Oliveira na UESB.

Na volta de meus registros, me deparei com algumas homenagens: faixas, fotos e depoimentos. A praça foi ficando pequena para tanta gente. Eram familiares, amigos, artistas, e muitos, muitos admiradores. Um dos monumentos recém inaugurado, um vaqueiro montado num cavalo, obra que segundo informações passou mais de 20 anos guardada, esperando que alguma autoridade se dispusesse a colocar em algum lugar da cidade, ostentava uma capa preta. Alguém tinha colocado ela ali em sinal de luto. São Félix esperava ser valorizado pelo seu trabalho. E, como todo artista paga e sofre por sua obra, São Felix acabou pagando e de maneira cruel, com a própria vida. Penso comigo mesmo: Tantos e tantos outros artistas que precisam de valorização, apoio e de atenção de todos nós. E aí? E aí que se não mudarmos nosso modo de viver só valorizaremos assim, numa situação como essa, depois que se vão. Mas como em quase tudo existe uma exceção, vale lembrar as homenagens durante o São João de 2009, onde o poder público municipal homenageou o sanfoneiro Zé Barbosa (In memorian) e o nobre escultor São Félix dando seus nomes aos palcos de shows. Achei formidável e muito justo! Mas poderia ter sido muito mais.

Enquanto o corpo de São Félix passava pela Praça dos Pioneiros, sua última obra, um sonho realizado, uma multidão aplaudia. Num carro de som a música de Milton Nascimento “Canção da América entoava: “Amigo é coisa pra se guardar do lado esquerdo do peito, dentro do coração...” e com muita certeza, do lado esquerdo do peito de cada um desde adolescentes até os mais vividos, São Félix estava, pois todos o tinham como um grande amigo.

Em conversa com algumas pessoas durante o velório de São Félix na Câmara de Vereadores sugeri que se transformasse o Colégio Agro Industrial num Museu em homenagem ao grande artista. Da mesma forma que ele cumpriu sua missão finalizando a obra e inaugurando o busto de Bernardino Francisco de Souza, uma justa homenagem ao primeiro desbravador destas terras. É muito mais que justo homenagear São Félix transformando o Colégio Agro Industrial local onde viveu num museu. Isso se a cidade, principalmente nossos governantes no qual foram constituídos, realmente valorizem a obra e a sua memória. Pois a busca pela valorização e até mesmo pelo reconhecimento, a “pedra”, “branca” vinha sendo “cantada” há muito tempo numa frase sempre dita pelo nobre escultor e que vai ficar para a história: "Itapetinga, ainda que o destino nos separe! Serei aquele que um dia te embelezou".

Está feito o desafio!

Para todos, “mãos à obra”.

Já estou fazendo a minha parte.

Jornalista Gilson Vasconcellos.
Editor Itapetinga News